Entre as prioridades dos internautas, cada vez mais vemos a inclusão e a diversidade. Pessoas transgênero e não-binárias não se sentem acolhidas e seguras nas mídias sociais, já que não percebem proteção suficiente para evitar discriminação e assédio.
Por outro lado, o metaverso tem sido percebido como um local seguro, bem mais do que a vida real. Muitas marcas têm adotado a inclusão e diversidade entre suas pautas prioritárias, adaptando-se a um mundo que tem se tornado cada vez menos complacente com a intolerância e o preconceito.
O metaverso como um ambiente acolhedor
Segundo um estudo global da Momentum Worldwide, 80% das pessoas sentem-se mais incluídas no metaverso, que é visto como um “local seguro”. Ainda de acordo com o estudo, percebeu-se que os consumidores veem o metaverso como forma de preencher três aspectos centrais da vida: inspiração, inclusão e individualidade. Isso mostra o quanto é necessário que as marcas se adaptem a essa realidade e abracem a inclusão e diversidade em suas campanhas.
As redes sociais não estão fazendo o dever de casa
Um relatório da Glaad revelou que 49% das pessoas transgênero e não-binárias não se sentem acolhidas e seguras nas mídias sociais, mesma sensação percebida por 40% dos adultos LGBTQIA+.
A Glaad divulgou em julho de 2022 as conclusões de seu relatório anual de segurança do usuárioLGBTQIA+, o Índice de Segurança de Mídia Social. Foram avaliadas as cinco principais plataformas de mídia social: Facebook, Instagram, Twitter, YouTube e Tik Tok. O índice avalia segurança, privacidade e expressão LGBTQIA+. Foram revisadas as medidas com relação a proteção explícita contra ódio e assédio a usuários LGBTQ+, como eram as opções de pronomes de gênero nos perfis e a proibição de publicidade prejudicial e/ou discriminatória.
Numa escala que ia até 100, todas as plataformas pontuaram abaixo de 50. Veja como ficaram os resultados da pesquisa que mediu a percepção de segurança, privacidade e expressão LGBTQIA+:
- Instagram: 48%
- Facebook: 46%
- Twitter: 45%
- YouTube: 45%
- TikTok: 43%
Complementado esses índices, 84% da população adulta LGBTQIA+ concorda que não há proteções suficientes nas mídias sociais para evitar discriminação, assédio e/ou desinformação.
Inclusão e diversidade no radar das marcas
As pautas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) já se tornaram prioridade para muitas marcas. De acordo com o estudo CEO Summit Leadership Partners 2021, que ouviu 200 CEOs, 95% deles afirmaram que DEI é um foco de suas empresas nos próximos um a dois anos. Essas marcas devem oferecer subsídios e apoio a artistas de origens pouco representadas.
O intuito disso é garantir variedade e diversidade nos modelos e ativos que construirão a presença virtual e futuro, bem como garantir a representação de diversos criadores.
A tendência chegou na bolsa de valores
A B3 (bolsa de valores brasileira) estipulou regras para aumentar a inclusão e diversidade em cargos de liderança nas empresas listadas. Pelas regras que passarão a valer a partir de 2023, essas empresas devem ter, até 2026, pelo menos uma mulher e um integrante de comunidades sub-representadas em cargos na diretoria ou conselho de administração.
Portanto, eles deverão contar com lideranças femininas, negras, LGBTQIA+, com deficiência, etc. O mecanismo recebeu o nome de “pratique ou explique”, já que as empresas que não cumprirem as regras deverão se explicar perante o mercado.
Iniciativas devem ser verdadeiras
Vale dizer que não adianta promover campanhas, trocar a foto de perfil da empresa nas redes sociais em datas como mês do Orgulho LGBTQIA+, Consciência Negra, ou Dia da Mulher, se no dia a dia esses profissionais são preteridos dentro da organização. É necessário que a inclusão seja verdadeira, que seja uma realidade dentro da empresa.
Segundo dados de 2019 levantados pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), empresas que apresentaram programas estruturados de inclusão e diversidade faturaram o equivalente a 15% do PIB brasileiro.
Além disso, um estudo da McKinsey revelou que as empresas com mais diversidade de gênero obtêm faturamento 21% maior. O levantamento afirma ainda que empresas com diversidade étnica e cultural apresentam lucro 33% maior.
Processo é longo e gradativo
A sociedade coleciona, infelizmente, anos de exclusão e preconceitos, portanto, incluir e fazer diferente é algo que também requer tempo e dedicação das empresas. É preciso envolver o departamento de Gestão de Pessoas e lideranças na iniciativa e abarcar todos em uma mudança de cultura dentro da empresa. Quebrar um ciclo excludente que vem de muitos anos é um processo longo e exige dedicação e vigilância constantes, mas os resultados valem a pena. Sua empresa contará com uma equipe mais plural, engajada e, consequentemente, mais produtiva.