É hora de preparar as economias e os cartões de crédito. Como acontece todos os anos, a internet está em polvorosa neste final de novembro.
O motivo? A Black Friday, aquele dia em que tudo fica mais barato para os varejistas limparem os estoques a fim de receber os produtos para as vendas de Natal.
A ação, que surgiu nos Estados Unidos, está em sua quinta edição no Brasil e, ano após ano, bate recordes de vendas, lojas participantes e faturamento. Neste ano, a Black Friday Brasil será realizada na próxima sexta-feira (dia 28), com adesão de lojas físicas e, principalmente, online.
De acordo com o site oficial do evento (www.blackfriday.com.br), em 2013, a Black Friday movimentou R$ 424 milhões durante o dia – um aumento de 95% com relação a 2012. A expectativa, agora, é que os números do ano passado sejam superados, já que, dos que compram em 2013, 96% pretendem comprar novamente este ano.
Mas, especialistas deixam o alerta para que os consumidores se mantenham atentos e não caiam em golpes. Para isso, a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico criou o programa Black Friday Legal, um selo para os lojistas que se comprometeram com descontos efetivos.
Com descontos de até 80% em produtos e serviços, vale a pena comprar durante a ação. Porém, é preciso observar cinco pontos: não compre por impulso; veja se o desconto é real; compre apenas em sites confiáveis; certifique-se sobre os produtos da loja ou site que estão em promoção; e fique atento ao prazo de entrega.
Não compre por impulso
Antes de sair comprando desenfreadamente, o consumidor deve saber se precisa mesmo do produto ou se só quer comprar por causa do desconto.
O planejador financeiro Leonardo Gazini Facchini explica que, não só na Black Friday, mas em todos os momentos que o consumidor se depara com uma promoção, o desafio é ser disciplinado e cauteloso.
“Estar atento sobre a real necessidade do consumo é fundamental”, diz.
Para ele, se o item a ser comprado for uma necessidade e estiver planejado, qualquer desconto valerá a pena.
“Porém, qualquer item não planejado, mesmo que esteja com 70% de desconto, não será uma economia e fará o consumidor gastar 30% do valor que não estava planejado”, explica.
Assim, o que era para ser um ganho de 70%, torna-se um gasto de 30% que poderá fazer falta para as contas rotineiras e comprometer a saúde financeira familiar.
David Passada, advogado da Proteste Associação de Consumidores, reforça que a ação possui um apelo de marketing forte para a compra. “A primeira orientação é ter cautela, não comprar por impulso.
Até mesmo para o barato não sair caro e não comprometer o orçamento a longo prazo”, conclui.
Confira se o desconto é real
Há quem diga que o preço durante a Black Friday é a metade do dobro. Segundo Passada, desde a primeira edição do evento no país verificou-se problemas referente à maquiagem de preços. “Mas, agora, estamos tendo uma evolução, um comprometimento maior dos fornecedores”, diz.
Mesmo assim, para ele, é fundamental que o consumidor monitore os valores dos itens de interesse para ter a certeza de que a empresa não aumentou o preço semanas antes da ação e dar um falso desconto na Black Friday.
Andrea Arantes, assessora executiva do Procon-SP, confirma que, com a experiência nos últimos anos, o órgão passou a monitorar os principais sites participantes da Black Friday com dois meses de antecedência do evento. “A fim de levantar os preços e ver se o desconto dado no dia será real”, resume.
Certifique-se que todos os produtos estão em promoção
A cada edição da Black Friday aumenta o número de empresas participantes. Porém, isso não quer dizer que os itens com descontos acompanhem essa mesma proporção.
Para Facchini, muitas vezes, o comércio se utiliza de datas como o Black Friday apenas para atrair os clientes com alguns poucos produtos verdadeiramente em promoção. “Mas, o consumidor, sem saber o verdadeiro valor dos itens, acha que toda a loja está em promoção e compra pelo impulso ou pela euforia do momento”, explica.
A assessora executiva do Procon-SP reforça a fala de Facchini e alerta que este é outro detalhe que o consumidor deve ficar atento. “Não necessariamente todos os produtos do site ou loja estão em promoção, alguns podem não ter descontos”, diz.
Compre apenas em sites confiáveis
A Black Friday é a data predileta da indústria de vendas online e, aos poucos, vem sendo adotada pelas lojas físicas.
Mas, não ter o contato pessoal com o vendedor e o acesso ao produto adquirido pode trazer alguns transtornos aos compradores.
Por isso, é fundamental que os consumidores comprem apenas em sites confiáveis.
Segundo a assessora executiva do Procon-SP, no site do órgão (www.procon.sp.gov.br) há uma lista com mais de 300 sites não recomendados, devido a reclamações já registradas por compradores.
Outro ponto levantado por Andrea Arantes sobre compra online tem a ver com a instabilidade dos sites.
“Nos anos anteriores houve muita reclamação de consumidores que tentavam finalizar a compra e não conseguiam”, conta.
Ela explica que esse problema é visto como um obstáculo ao direito do consumidor ao desconto, e por isso, é passível de multas. “Os compradores esperam pela Black Friday. É dada muita publicidade para a ação. Então, as empresa precisam estar preparadas para o fluxo alto de vendas”, conclui.
Fique atento ao prazo de entrega
Mesmo comprando durante a Black Friday, as empresas são obrigadas a cumprir o prazo de entrega estipulado no momento de conclusão da compra. Se o cliente não receber o produto na data combinada, deve procurar os órgãos de defesa do consumidor e registrar uma reclamação.
O advogado da Proteste, David Passada, frisa que o consumidor deve ficar muito atento ao prazo de entrega.
“Além disso, ele precisa lembrar que há o direito de arrependimento, que é garantido pelo Código de Defesa do Consumidor. Ou seja, ele tem até sete dias, a partir do recebimento do produto, para fazer a devolução e ter seu dinheiro de volta”, explica.
Andrea Arantes reforça que cumprir a lei de entrega, dentro do prazo estipulado na finalização da compra, é um dever da empresa participante. “Seu descumprimento também gera penalização”, afirma.
‘Primeiro, comprei. Agora, vou participar’
Após aproveitar por dois anos os descontos do evento, publicitária Marília de Castro Gersely, de 33 anos, decide participar do evento com sua loja:
“Adoro a Black Friday. Já aproveito os descontos do evento há dois anos. E, como fiz bons negócios na compra de livros e CDs, já estou de olho nas promoções que podem surgir esse ano. Desta vez, quero comprar um notebook.
No ano passado, consegui descontos de 30% a 50%. Por isso, estou animada para as compras do dia 28. Se conseguir a mesma porcentagem neste ano, sem dúvida, vou comprar um computador. Mas, para não cair em armadilhas, já estou monitorando os preços do produto nos sites há algumas semanas para ter certeza que, no dia, os descontos serão reais.
Mas, acredito tanto no sucesso da Black Friday que, neste ano, eu e minhas sócias resolvemos aplicar o evento no nosso próprio negócio de material impresso para festas. A ideia é aumentar tanto a visibilidade da empresa quanto as vendas. No site da Santa Jujuba, os produtos participantes da Black Friday terão descontos de até 20% e também não cobraremos o frete. Estamos otimistas com o resultado. Este ano, serei consumidora e participante da Black Friday”.
ANÁLISE
Bom negócio para quem se planeja
“Para quem se programou em antecipar as compras do Natal durante a Black Friday, aproveitar os descontos é uma forma de economizar uma boa quantia de dinheiro. Só é preciso ter em mente exatamente os produtos que vai comprar, seus preços de mercado e o desconto mínimo que deseja. De posse dessa lista de tarefas, o consumidor conseguirá aproveitar para fazer boas compras e economizar. Conclusão: a Black Friday, para quem se planejou, programou um valor a ser gasto, pesquisou e tem os detalhes dos produtos desejados, será uma oportunidade de economizar. Por outro lado, quem não tem ideia do que comprar e está apenas com a intenção de aproveitar os descontos corre risco de passar o final do ano endividado e entrar 2015 com um problemão”.
Leonardo Gazini Facchini
Planejador financeiro
ANÁLISE
Lado positivo e lado negativo
“A Black Friday é uma forma de apelo ao consumo como o Natal, Dia dos Namorados, etc. Pela internet, a ação promove uma proliferação do consumo a nível global. O que traz aspectos positivos e negativos: amplia o mercado tanto para o empresário quanto para o consumidor; aumenta a possibilidade de venda, mas também a concorrência. A Black Friday tende a aumentar o potencial de vendas, mas, o consumidor deve tomar cuidado para não se enganado. Quanto à movimentação financeira, ela é positiva desde que não leve a pessoa à inadimplência. O empresário quer clientes e não inadimplentes. Acredito que a tendência da ação é se expandir. O grande empresário diminui a margem para vender mais, e o médio e pequeno comerciante estão enxergando isso”.
Fred Guimarães
Economista da Acirp
Fonte:http://www.jornalacidade.com.br/